24/03/05

Iluminação

Vais ao encontro do mundo de braços abertos, sabes que ele tem forma, cor, aroma, sentido, mas não te enebrias em nenhum deles. Simplesmente os aceitas, os vives, e segues o teu caminho. Não te deixas amarrar por medos, vontades, crenças, porque tu és livre e espontânea. Fazes o que queres fazer, vives o que desejas viver, saboreias a existência nos seus detalhes mais intricados mas liberta de julgamentos do bem e do mal. Sabes que nenhum dia é assim tão mau nem assim tão bom e com esse conhecimento segues em frente no teu caminho, na tua paz interior. Tocas sem preconceito e deixas-te tocar sem a aflição do adeus, há muito abandonaste os rótulos e as confusões que nascem quando a razão se sobrepõe à simplicidade das ocorrências da vida. Quando olho para ti, irradias serenidade, quando penso em ti, sinto algo desse calmo mar viajar até mim em ondas mornas... Poderia pedir-te para me ensinares a ser como tu, mas algo assim não se aprende, simplesmente se é. Poderia pedir-te para partilhares tudo o que vês com os teus olhos verdadeiros, mas sei que é impossível. Ainda assim, libertas-me dos grilhões da ansiedade de todos os dias... fazes-me ver que a prisão aos objectos do mundo, à dependência deles, ao defeito do corpo e do hábito traz-me mais dissabores que proveitos...

Um dia, minha querida, um dia talvez olhe para dentro com os teus olhos...

1 Comentários:

Blogger Lua disse...

Este texto está mesmo muito bom. Quem vive assim é quem vive bem... é quem vive com qualidade!

9:47 da manhã  

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