10/01

Tive ontem um dia cansativo.
Cansa contar o tempo.
Fiz um exercício simples. Até quando me lembro de mim?
Recuei muito.

Lembro-me que sempre contei o tempo.
Lembrei-me dos dias de menino, quando brincava com o Sol e corria descalço, dono do que a minha vista via. Lembrei-me que já acordei a rir.
Lembro-me que me davam a mão, que me pegavam ao colo e não me lembro que alguma vez tivesse chorado.
Lembrei-me de outros dias, ainda menino, sempre a brincar com o Sol e com as nuvens, mas já não me davam a mão nem me pegavam ao colo. Nem sempre acordava a rir e até me recordei de algumas lágrimas.

Tive ontem um dia fatigante.

Lembrei-me dos meus sonhos, do que jurei que conseguia, dos amigos que ganhei, das memórias que merecem ser vividas, das gargalhadas, das pessoas que perdi e do duro que já foi. Lembrei-me quantas vezes indiquei o caminho, das vezes que me enganei, da música, como a ouvia, como me arrepiou.
Dos caminhos que percorri, do que perdoei, das vezes que me perdoaram, das minhas escolhas e do quanto gostam de mim.
Contabilizei o que tenho e afinal de contas não passou assim tanto tempo.
Ainda tenho muito para ver e aprender e já alguma coisa para contar.
Tenho tanto e posso dar um pouco mais.

Tive ontem um dia fatigante, mas devo ter adormecido com um sorriso.


Hoje vou brincar com o Sol.