28/02/05

ELE

Ele não reparou que eu voltei a viver de novo os amores da adolescência ... Aqueles que até fazem doer e que se propagam como um vírus e tomam conta de nós e não unicamente pela sensação de conforto, de conquista, no sentido de apropriação para nós ( e só para nós) da outra pessoa.
Ele não entendeu que não era nenhum prémio, nenhuma recompensa que me atribuiu em contrapartida da sua dedicação, que não era uma comenda, mas era sangue e fogo. E que me fazia sentir aquele desconforto de nunca estar saciada por mais numerosos que sejam os óasis espalhados pelo seu deserto.
A minha falta de calma, o meu desassossego, a minha ansiedade e especialmente o meu querer tudo de uma vez e exigir-lhe coisas que não se pedem, fez com que ele se fosse embora chateado comigo, sem perceber, que eu entendi que era a única coisa decente que ele poderia fazer.
E eu vi-o partir e o que sinto é uma espécie de dignidade intrínseca em sofrer por amor. Alias a única forma gratificante de sofrer por amor..

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial