Quando a vida começa a fugir...
Olhei para ti, meu velho... A curvatura, o pequeno olhar para o mundo, essas quatro paredes às quais te cinges, nada disso te tira a dignidade que transpareces. Não podes mais abraçar a terra que te viu nascer e que trabalhaste e cuidaste como um pai; não há mais um cacho de uvas que, mesmo de joelhos, possas cortar... A tua vida é agora essa cadeira frente à lareira que vai aquecendo a monotonia dos teus dias.
Agarrei a tua mão. Não me conheceste e sei que isso te fez sentir inútil e confuso, mas mais tarde disseram-te quem eu era e aí sim apertaste a minha mão numa atitude de amizade. Vês-me uma ou duas vezes por ano, mas transmites sempre aquele apreço e agradecimento pela minha existência, embora não haja sangue que nos una, embora eu nunca tenha feito nada de especial por ti ou tu por mim. Mas nos teus olhos enrugados que transpiram o cansaço do fim da vida, transmites-me uma brisa suave de paz. Aquela que precisava agora.
O mundo é demasiado cruel e quando menos estamos à espera, aqueles de quem gostamos esfaqueiam-nos sem qualquer piedade.
Ao olhar para ti, tive a certeza de como ainda podemos esperar um pouco de paz, de amizade, de lealdade, de agradecimento e de dádiva. Apesar da senilidade e da fragilidade, salta à vista a doçura de um coração envelhecido que não deixa de amar. "Porquê?", perguntas... Porque é que tantas vezes tocaste o sino daquela igreja, tantas vezes assististe àquela missa... Porque te fez Deus isto? Porque não podes mais cavar a terra que amas? Não tenho a tua resposta, mas digo do fundo do coração que apesar da tua condição, tens em ti a força interior que não te ajuda a andar mas que te faz continuar a mostrar o bom homem que és.
Agarrei a tua mão. Não me conheceste e sei que isso te fez sentir inútil e confuso, mas mais tarde disseram-te quem eu era e aí sim apertaste a minha mão numa atitude de amizade. Vês-me uma ou duas vezes por ano, mas transmites sempre aquele apreço e agradecimento pela minha existência, embora não haja sangue que nos una, embora eu nunca tenha feito nada de especial por ti ou tu por mim. Mas nos teus olhos enrugados que transpiram o cansaço do fim da vida, transmites-me uma brisa suave de paz. Aquela que precisava agora.
O mundo é demasiado cruel e quando menos estamos à espera, aqueles de quem gostamos esfaqueiam-nos sem qualquer piedade.
Ao olhar para ti, tive a certeza de como ainda podemos esperar um pouco de paz, de amizade, de lealdade, de agradecimento e de dádiva. Apesar da senilidade e da fragilidade, salta à vista a doçura de um coração envelhecido que não deixa de amar. "Porquê?", perguntas... Porque é que tantas vezes tocaste o sino daquela igreja, tantas vezes assististe àquela missa... Porque te fez Deus isto? Porque não podes mais cavar a terra que amas? Não tenho a tua resposta, mas digo do fundo do coração que apesar da tua condição, tens em ti a força interior que não te ajuda a andar mas que te faz continuar a mostrar o bom homem que és.
2 Comentários:
A doçura nos olhos de quem já tudo viveu e espera pacientemente pelo fim dos dias espelha em nós a saudade do que já foi e o desejo de boa fortuna... os olhos do velho são como os olhos do jovem: um sonha com o passado, o outro com o futuro. Mas ambos sonham, brilham e recordam, mesmo que o corpo já não responda, mesmo que as palavras já não fluam. O sorriso volta a ser puro e sincero, porque o tempo para fingimentos já passou, agora é altura de paz. Toma gosto nestas pequenas coisas da vida, gratuitas e espontâneas. Elas são, afinal, o que nos enriquece, o que nos faz sorrir...
Concordo que já passou o tempo dos fingimentos. Passou também o tempo das guerras, das pequenas mesquinhices da vida, dos mal-dizeres, das inttrigas. Por isso dá paz olhar naqueles olhos e ver apenas o que de bom pode existir num homem... Tens razão, a espontaneidade será mesmo o que de melhor há em nós.
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