A subtileza do toque

Quando duas mãos se tocam, ainda que por acaso, longe da luz, longe de olhares alheios, parece que se faz magia. Algo nasce do nada, contrariando todas as leis, todos os quereres. Algo rompe por entre muralhas que havíamos construído, pensávamos nós, para nos mantermos a salvo, e toma o seu lugar, qual agradável intruso, no seio dos nossos pensamentos.

O leve roçar da pele, o ténue entrelaçar dos dedos...

O Mundo de pernas para o ar. Não nos apercebemos disso no momento, apenas depois, muito depois. Começamos a sentir a falta daquele toque ligeiro, daquela pequena comunhão de corpos que nada mais foi do que uma brisa. Tudo menos passageira. Queremos olhar naqueles olhos de novo, deixar um sorriso aberto inundar-nos... trocar de mente, trocar de vida, deixar tudo para trás por uma pequena carícia...

Ficamo-nos a perguntar porque o tempo não parou ali, ou porque não podemos voltar atrás e fazê-lo durar eternamente. Ah, vida fugaz...