"Furbo anão de unhas sujas e roídas Monstrengo sub-reptício, glabro homúnculo Que empestas as brancas madrugadas Com teu suave mau cheiro de necrose Enquanto largas sob as portas Teus sebentos volantes genocidas Sai, get out, va-t-en, henaus Tu e tua capa de matéria plástica Tu e tuas galochas Tu e tua gravata carcomida E torna, abjeto, ao Trópico Cujo nome roubaste. "
"O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida"
Estou diabolicamente mal disposto. Hoje não trago poesia comigo, não tenho cor, música, saudade ou qualquer outro sentimento que por instantes me torne vulnerável. Não quero saber, não quero rir e se possível gostava de não ver rir. Não me importa se há Sol, nem se está um lindo dia, nem sequer se já amanheceu, o que a esta hora é mais que provável. Mas nem essa probabilidade me importa. Aliás, não tenho qualquer dúvida que se um simples piscar de olho matasse, fazia parte neste momento da lista de serial-killers mais temidos do mundo.
O vento é um cavalo: ouve como ele corre pelo mar, pelo céu.
Quer levar-me: escuta como percorre o mundo para levar-me para longe.
Esconde-me em teus braços por esta noite apenas, enquanto a chuva abre contra o mar e contra a terra a sua boca inumerável.
Escuta como o vento me chama galopando para levar-me para longe.
Com tua fronte na minha e na minha a tua boca, atados os nossos corpos ao amor que nos abrasa, deixa que o vento passe sem que possa levar-me.
Deixa que o vento corra coroado de espuma, que me chame e procure galopando na sombra, enquanto eu, submerso sob os teus grandes olhos, por esta noite apenas descansarei, meu amor.