31/05/05

Duque de Copas

Parece-me que andamos a jogar o mesmo jogo sem sabermos puxar muito bem os naipes em que estamos mais à vontade... Não te parece?

28/05/05

Se quiserem ....

Acho que já se entendeu a ideia deste "nosso canto" .

Gostava de adicionar mais uns "postadores" entre os (alguns) visitantes que nos brindam com a sua presença mais ou menos frequente.
A ideia não é "engarrafar" isto de "mentes brilhantes" , até porque este "nosso canto" nunca vai ser nenhum "Hit".
Se quiserem .... enviem Nome e Mail para sepul_veda@hotmail.com ... e logo se vê !



"A vida ou é uma aventura ousada ou não é nada."

Férias, BBL.

Eu, o Miguel e a Maria vamos de férias durante uma semanita por motivos de força maior. Aproveitem estes dias sem as nossas lamechices e subam o nível lúdico do blog. Até Sábado que vem!

The Devil

Hot in the City

Nice & Fresh

Carta extraviada

Esta é a estória de uma carta de amor/perdão/arrependimento extraviada que me veio parar às mãos. Os nomes são fictícios para proteger a identidade dos intervenientes...

"Maria,

Hoje olhei para dentro de mim e senti um vazio enorme. Há uns tempos atrás pensava que era deixando-te que ia corrigir este vazio... hoje, passado todo este tempo, vejo que a distância só serviu para alargar mais e mais o buraco que deixaste bem no fundo da minha alma. Acho que só consigo mesmo afastar-te de mim quando te odeio e infelizmente, quem sabe, não te consegui odiar pelo que fizeste, por muito que tenha tentado. E porque não te odeio, nem me és indiferente, porque nunca o foste, preciso de desabafar com este pedaço de papel, esperando que ele um dia chegue a teus olhos. Outrora perguntei-me onde falhámos... porque é que cada vez que os nossos lábios se tocavam, todo o Mundo parecia dissolver-se num mar de paixão e, logo a seguir, esse mar se transformou num longo manto de gelo, sufocando toda a chama interior? Porque deixámos tudo para trás para seguir um sonho a dois e, mal demos o primeiro passo, largámos as mãos e seguimos caminhos separados? Talvez tenha sido o nosso próprio orgulho a cegar-nos... nunca nos sentámos e falámos do que realmente queríamos. Julgávamos não ser preciso, era tudo tão evidente... Mas se queríamos o mesmo essencial, os detalhes, esses, não se complementavam. Nunca consegui compreender os teus porquês, as tuas razões, por nunca ter sido capaz de racionalizar o coração e fechá-lo quando bem me apetecia como tu eras. Às vezes dava-me muito jeito... Mas não consegui. Porque era demasiado forte o que sentia por ti... e quando descobri que a tua alma não era um esepelho da minha como acreditei, senti-me despedaçado. Lentamente deixei-me morrer... até que parti. Lamento imenso que nunca tenhas ouvido as minhas súplicas, que nunca tenha sido capaz de te fazer sonhar como me fazias sonhar a mim. Ou então, lamento que nunca tenhas tido a força de te agarrar ao que realmente importava e esquecer as mesquinhices da mente humana... Seja qual fosse a razão, nunca a soube, e tão pouco importa agora.
Tudo o que sei é que me fazes falta. Acredito que me terias neste instante e em qualquer outro, bastava quereres. Bastava estares aqui. Como dantes, sinto a necessidade da redescoberta, do perdão, de recuperar o que foi meu e de dar o que ainda podes reclamar como teu... mas sobretudo, sinto ainda a necessidade de compreender, de simplesmente olhar de novo nos teus doces olhos cor de avelã, nem que seja para ouvir que nada teve significado e que nunca mais olharás para mim do mesmo modo. A estocada final, se o desejares. Mas tenho ainda o secreto desejo que só a ti manifesto de poder voltar à doce memória e vivê-la. Uma e outra vez... num repetir sem fim, como sonhávamos nos nossos tempos de felicidade conturbada. Já percorri muitas ruas desde que te deixei, imagino que também o tenhas feito... Mas nunca encontrei nada como o teu regaço, nem me perdi tão fundo como no oceano do teu sentimento, nem creio que alguma vez o vá achar...

Espero que esta carta te encontre bem...

Um beijo, do eternamente teu...

Miguel."

Pena

Nasceu hoje em mim este sentimento por ti. Pela pessoa que te tornaste, talvez por necessidade de afirmação, ou por quereres tapar as falhas que a tua vida tem e que recusas admitir. Há algo que te faz falta e isso não podes sequer negar porque se nota à distância. Não sei o quê, apenas sei que por alguma razão não o procuras. Vais, agora, buscar ao que de pior há nos outros a tua afirmação pessoal. Achas então que é com isso que vais vingar? Tu já foste realmente bom em tudo o que fazias na vida; na tua postura perante ela, na tua luta diária por aquilo em que acreditavas e que querias alcançar. Acredito que não notes, mas estás a regredir. Sempre pensei que essa necessidade de afirmação dava na idade do armário, na qual fazer o que há de pior era tão emocionante e nos ajudava tanto a integrar nos grupos! Mas agora? Quase que acreditava que estás a ter uma adolescência tardia... Ou não terá sido tudo tardio na tua vida? É pura pena que agora tenho de ti.

27/05/05

Ainda estou aqui...

"I wonder if i ever let you down
did you keep on moving
I wonder, when i took my feet from off your ground
did you keep on going

If you ever need me, just remember
all the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
that i feel the same way

I wonder, did i ever fail you
did you give up dreaming
I wonder, when i had to go
did you stop believing

Don't you know every sould must grow older
but our past belongs to you
and it should make you stronger

If you ever need me, just remember
all the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
that i feel the same way

Don't stop moving, you must keep on going
don't you stop believing, you should go on dreaming
Don't stop moving, you must keep on going
don't you stop believing,
'cause its people like you that make the world go...

If you ever need me, just remember
all the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
that i feel the same way

If you ever need me, just remember
and i'll always be there
If you ever miss me, don't you know
...don't you know...
...we will meet again
...we will meet again"

Coldfinger - Cover Sleeve

26/05/05

Não vás contar que mudei a fechadura

Não vás contar que mudei a fechadura
Nem revelar que reclamei dos teus anéis

O amor dura, se durar, enquanto dura

E o vento voa à procura de papéis


O vento passa à procura dum engano

E quando encontra presa fácil na cidade

Bate à janela e redemoinha e causa dano

Naquilo que é suposto ser nossa vontade


Já de manhã vai parecer tudo tão diferente

Não é do vinho nem do sono ou do café

É só que um olho por olho, dente por dente

Nos deixa o rosto assemelhado ao que não é


E não vás contar-lhes desse abraço derradeiro

Nem que mudei a fechadura mal saíste

Quero o teu rosto devolvido por inteiro

O desse dia em que me vi no que tu viste

E não vás tomar à letra aquilo que te disse
Quando te disse que o amor é relativo
Se o relativo fosse coisa que se visse
Não era amor o por que morro e o por que vivo.

Letra e música - Sérgio Godinho

Tempo

Temos tantas maneiras de ser .
Ou até só temos UMA maneira de ser mas tantas maneiras de olhar.

Já quantas Luas nos viram de costas voltadas? .... sabendo elas que o Tempo tudo cura .

Gosto que assim seja .

Gosto de me portar assim e sentir que Tu também te portas como Eu.
Depois da tempestade , avançamos com calma , como naquela brincadeira quando era puto : "Mamã dá licença ? Quantos passos?" ... assim continuamos até uma próxima tempestade.
Sim , porque é inevitável uma próxima tempestade . Está-nos no sangue .

... e que importa isso? ... se é tudo uma questão de tempo ?!

É Brutal ....

"Lembro-me de que fazia muito frio e estávamos há horas naquilo: curvas e mais curvas, um desconforto permanente, uma viagem interminável.
No Norte do Afeganistão não existiam propriamente estradas, mas umas picadas onde percorrer 200km pode demorar longas horas entre pó, minas, assaltos, paisagens tão inóspitas quanto belas e muita pancada que o mais bruto dos jipes roubados aos Russos transforma num lento amassar de todos os ossos.
O tradutor tinha ficado para trás e o condutor – um jovem tadjique de nome impronunciável a quem chamávamos Rashidi , e assim ficou até ao fim! – não dizia uma palavra de inglês.
Num ermo igual a tantos outros, como sempre sem água nem electricidade, decidiu parar. Protestei: a noite estava a cair e sentíamos pressa. Fez-me sinal com a mão de que precisava de comer. Acedi, então, contrariado, e recostei-me para descansar. O Rui tentou dormir, eu fiquei alerta, mas não por muito tempo: dois homens saíram dessa casa feita de terra e telhado de colmo, de metralhadora nas mãos, sorriso tosco nos lábios e convidaram-me a entrar. Recusei, simpaticamente, mas a insistência e a kalashnov fizeram-me, finalmente, mudar de ideias. Lá dentro, uns candeeiros a petróleo mas iluminavam uma sala suja, a cheirar a suor e a restos de uma comida que recusei provar. Por gestos e num dar inalcançável para mim, fizeram-me subir para um velho estrado onde costumavam rezar a Alá, e eu confesso – meio baralhado – já estava para tudo. Afinal era apenas um gasto tabuleiro de xadrez. Lembro-me que a rainha era uma velha e ferrugenta “carica”, os peões tinham sido substituídos por restos de palitos e o meu bispo era um invólucro de bala. E assim começámos a jogar.
“Amerikan?”, perguntou num sotaque carregado de quem não fala mais do que umas palavras de inglês, entre dois tragos de um chá verde forte, o único alimento seguro que nos mantinha vivos em três semanas de penúria. “Portugal”, retorqui uma e outra vez, até que Rashidi deu uma ajuda.
Entre um sorriso matreiro, a resposta do meu adversário foi fulminante: “Benfica!”.
Fiquei atónito, estupefacto.
Ali, num local medieval, num país em que a chegada ao poder dos talibã tinha proibido coisas tão banais como ouvir música, escutar rádio, ver televisão ou jogar futebol, este homem de cujo cabelo sujo e ar esquálido conhecia o Benfica.
Ali, em que o tempo tinha parado e a vida não valia mais que uma mão-cheia de nada, onde até o estádio de Cabul servia agora para execuções públicas, aquela personagem de barba escura, dentes podres, e que gostava de xadrez sabia quem era Eusébio, Figo e Rui Costa e mostrava admiração pelo Benfica.
Dei por mim a pensar se teria visto mesmo o “Pantera Negra” jogar ou, como eu, demasiado novo para assistir in loco à magia de Eusébio, se ficou pela memória dos jogos que ainda hoje impressionam. Perguntei-me até se alguma televisão Russa – a única que durante anos alimentou o imaginário de um dos povos mais pobres do Mundo – tinha por uma só vez mostrado aquele mágico golo de Vata, aquela mão que empurrou o Benfica para a final da Taça dos Campeões Europeus e o Marselha para uma azia interminável, já o relógio escorregava para o fim, quebrado numa explosão de alegria de 120 mil pessoas, num âmago colectivo como eu nunca imaginei possível. Ou por que não, aquela outra noite inesquecível, aquela em Leverkusen em que a derrota parecia certa, tão certa como o travo da frustração, até que Kulkov e Rui Costa decidiram mudar o destino e virar o resultado do jogo. Ah, tantas são as histórias de um Centenário, tantas e variadas que até lá cabem as outras: as da tristeza e da mágoa, as da inexplicável dor informe que, diga-se, também em muito revelavam a grandeza do Benfica. Não, não falo dessa derrota em Alvalade por 7-1. Essa foi vingada no mesmo ano com o campeonato, 5-0 para a taça. Arrepio-me, sim, quando relembro a final da taça dos Campeões e o fatídico penalty falhado pelo capitão Veloso, em Viena de sair da velha Luz de lágrima ao canto do olho quando os belgas do Anderlech empataram a partida e nos roubaram a Taça UEFA. E recordo, com invulgar revolta, uma derrota singularmente pesada em Vigo, que me encheu de raiva, de frustração e de vergonha. Parecia um pesadelo interminável.
Mas como dizia há pouco, esses são também momentos de dor e paixão que fazem história e história de um grande clube. Ah, e quase me esquecia: perdi o jogo.
Por cortesia, por espanto, por respeito a Kalashnov. Mas isso também pouco importa. Eu até já tinha tido o meu xeque-mate: reconciliei-me com a viagem e esse tal ermo sórdido que nem do nome recordo. Daí até abandonar Afeganistão em guerra, Rashidi sorria e dizia “Benfica” com o polegar para cima e levava depois a mão ao coração, baixando a cabeça em sinal de respeito e afecto.

Sei, quase definitivamente, que também tu nunca verás ao vivo a “Nova Catedral”, mas deixa lá que eu torço pelos três."

Pedro Pinto, jornalista da TVI

25/05/05

Quero

Não quero alguém que procure brilhar. Quero quem saiba o caminho para as estrelas.
Não quero quem procure encantar com belas palavras. Quero quem saiba apenas as que são certas para dizer.
Não quero quem me faz sorrir. Quero alguém que sorria comigo.
Não quero quem me force a entrar num Mundo do qual não faço parte. Quero quem descubra um Mundo totalmente novo, a dois.
Não quero quem espere pelo momento certo para amar. Quero quem acredite que o único momento é o presente.

Estás por aí?

23/05/05

Mais forte que a vontade...

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love no glory
No hero in her skies

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes..

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...eyes...

Ohh, did I say that I loathe you?
Did I say that I want to leave it all behind..

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind..

My mind..my mind..
Til I find somebody new...

Damian Rice - The Blower's Daughter

Esta música arrepia-me. E não sei porquê, ao ouvi-la hoje, senti lágrimas nos meus olhos. Raios partam.

Alberto II

Ganhámos, velho amigo. Ganhámos. Foram dez anos a ver a festa alheia, mas finalmente ontem foi a nossa vez. E que festa, meu caro! O país parou... conquistámos o título no Porto, que se cobriu de vermelho, bem como todas as cidades o país... Lisboa estava ao rubro, o Estádio da Luz cheio com 55 mil pessoas às quatro da manhã esperando os heróis. Uma explosão maciça de alegria por todo o lado. Fantástico. Só mesmo o Benfica para ter esta força mobilizadora por todo o país. Quem me dera que pudesses ter visto... quem me dera que estivesses aqui para fazer parte da festa.

Senti muito a tua falta ontem. A falta do teu abraço, do teu sorriso aberto. Sei bem o quanto te enchia de alegria cada vitória do nosso Benfica e só tu saberás o que este título significaria para ti se ainda estivesses entre nós. Viste a festa aí de cima? Espero bem que sim... e espero que a tua alma se tenha aquecido com tanto calor humano que emanou ontem deste nosso país. Um abraço, velho amigo. Se hoje não sorrio mais, é por não poder sorrir contigo...

CAMPEÕES!!!

Amanhã, Escrevo-te. Hoje só quero gritar... BENFIIIIIIIIIIICAAAAAAAAAAAA!!! :)

22/05/05

Este é para vocês



Miklos Fehér



Bruno Baião


Este título é vosso. E viva o Benfica, campeão nacional de futebol 2004/05!



Apetece-me...

Apetece-me dormir, tenho os olhos demasiado pesados e cabeça dói-me do que bebi e não devia. Apetece-me assaltar o frigorífico de rompante e devorar tudo o que esteja lá dentro. Apetece-me partir o monitor em mil pedaços e arranjar um novo, daqueles fininhos que cabem em qualquer lado. Apetece-me abrir os estores, deitar a cabeça de fora e sentir a chuva cair no meu rosto. Apetece-me partir à tua procura, estejas onde estiveres. Quando te encontrar, sem dúvida que me apetecerá abraçar-te, beijar-te, entregar-me a ti e perder a conta das horas. Apetece-me agarrar-te pelo colarinho e dizer-te na cara tudo o que ainda não disse. E depois talvez me apeteça repetir tudo de novo.

21/05/05

My last post...

consider this my last post...
I dont feel like sharing anything any more..

c-ya

Futebolices

Aleluia, está quase a acabar o ano futebolístico português. Amanhã, decide-se o campeonato mais disputado de que há memória, ou pelo menos, desde que a minha memória não me falha, o que pode até ser relativamente pouco tempo dado que não sou muito certo nas voltas. Na última jornada, tudo se decide na cidade do Porto, onde o futebol clube local (ênfase no local) joga com a Académica, tendo de vencer, e espera por um deslize do Benfica no Bessa, o que até nem é de todo improvável. Só por isso, mantenho o meu cachecol encarnado a salvo e evito andar com ele na rua, até porque a água oxigenada e os pensos rápidos não abundam cá por casa.
Das duas equipas com aspirações ao cadeirão, é o Benfica que tem a faca e o queijo na mão. Basta um empate contra os ex-pupilos de Jaime Pacheco, esse mestre na arte cirúrgica do tackle a pés juntos ou da cotovelada dissmulada. Já se foi embora há algumas jornadas, mas quem sabe nunca esquece, por isso não esperemos grandes veleidades dos nossos amigos que usam um pano de cozinha ao xadrez como camisola. Afinal, é a última jornada, já não podem ir longe, vamos lá embora dar porrada que os gajos são mouros e temos ainda muitos cartões para coleccionar. Quanto ao Benfica, esse que se ponha a pau. Eu por mim, jogava para segurar o empate, já que o Boavista em ataque continuado é tão preciso como um raid aéreo norte-americano sobre o Iraque. Por sorte, o Trapattoni deve deixar de fora elementos influentes como o Paulo Almeida, o Everson e o Fyssas. Nunca me senti tão frustrado como esta época, acho que vai chegar ao fim e continuo sem saber se o Everson é mesmo jogador da bola ou veio cá só para dar trabalho ao departamento médico do Benfica. E já agora, ainda estão para me provar que o Paulo Almeida é mesmo capaz de correr. Pelo menos o Michael Thomas tinha mais de 30 anos, o caruncho já pesava, este não tem grandes desculpas.
Mais acima um bocado, temos o duelo sempre caricato entre o futebol clube local e a Académica de Coimbra, esse clube tão singelo e pacato, que por ter tantos emprestados do dito clube, vai levar meia dúzia de juniores e tentar não levar mais de cinco a zero. Parece que hoje em dia é moda gostar da Académica de Coimbra. "Clube simpático", "claque civilizada", etc. Tretas. Olhem bem para eles: para já, duvido que algum daqueles senhores ande mesmo a tirar um curso superior na Universidade de Coimbra. Depois, equipam de preto... quem é que costuma equipar de preto? Os árbitros. Se há insinuação mais descarada do que esta à corrupção no futebol, apontem-ma se fazem favor.
O clube local, auto-apelidado de "Campeão do Mundo" vem provar na última jornada que, em Portugal, não é preciso ter uma boa equipa de futebol para ser campeão, bastam meia dúzia de malabaristas, umas ajudinhas por fora e está tudo bem. Avizinha-se um futuro sombrio para este clube. Vem aí um treinador holandês e como toda a gente sabe, a Holanda é a terra das ervas e dos cogumelos que fazem a malta ver coisas. Junte-se esta experiência à alegria e dinamismo intrinsecamente brasileira que se vive no balneário e pode ter-se uma ideia do que vai ser o ano que vem. Ai Jesus. Mas por um lado é bom que assim seja, a produção de melões em Portugal anda por baixo e dão jeito umas exportaçõezinhas.
Por falar em melões, ninguém conseguiu deitar tanto fora em tão pouco tempo desde que o meu colega Mário vomitou as 12 cervejas que bebeu na queima todas de seguida como o Sporting. Essa instituição desportiva cometeu a proeza de, em 5 dias, deitar fora o campeonato (e futuro jogo na Supertaça) e a taça UEFA (e futuro jogo na Supertaça Europeia). Bravo. Pelo menos servem para alguma coisa, nem que seja para mostrar como não se devem fazer as coisas. Tenho a certeza que o Peseiro está felicíssimo, até porque para quem treinava uma equipa na onda do Liédson mais dez, nem se saíu nada mal. Tomara muitos.
E depois há o Braga, essa sensação. Levado aos píncaros pelos golos do ex-Jardel de Guimarães, ex-ex-Jardel de Sevilha, ex-ex-ex-Jardel de Benfica e ex-ex-ex-ex-Jardel de Coimbra, o nosso João Tomás, e pela acutilância táctica do Ti Jesualdo, os arsenalistas lá foram, devagrinho, agarrar um lugar no topo do campeonato e quem sabe na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Eu cá acho uma vergonha que assim seja, figuras tristes lá fora com equipas deste gabarito já nós fazemos que chegue. Estão a ver o Braga a digladiar-se de igual para igual com uma equipa de topo de uma qualquer liga conceituada da Europa? Se estão, enviem-me um e-mail, que eu recomendarei um bom oftalmologista.
Já agora, um abraço ao Luís Campos. Já tem guardado um lugar de honra no historial da Superliga, como o homem que chega, vê, e despromove. Quem será a vítima para o ano? Por esta altura em 2006 ficaremos a saber.
Para finalizar, ficam aqui os meus bem-hajam especiais para algumas figuras da nossa praça. Ao senhor Dias da Cunha, obrigado por devolver a esperança aos doentes com Alzheimer e por providenciar tanto material humorístico para tanta boa gente do nosso panorama cultural. É um santo, homem. Longos anos para si. Ao senhor Ricardo, por mostrar que chegar atrasado (às bolas) também é uma arte, sabendo ainda melhor quando apimentadas por uma boa desculpa nessa sua voz gutural e máscula. Ao Diego e ao Luis Fabiano, por mostrarem que até o maior craque no Brasil pode chegar a Portugal e ser uma rotunda nulidade, um bocado o contrário do que se passa com as novelas. Ao Litos, treinador do Estoril, por conseguir montar uma equipa que dá mais cacetada do que o Boavista. Julgava que era impossível, afinal estava enganado... se calhar foi por isso que o Pacheco se foi embora, devia estar a perder qualidades. Por último, um bem-haja especial ao grande Zahovic, que tanta magia espalhou nos campos portugueses este ano. Deixarás saudades. Não sei a quem, mas certamente alguém as terá.
E pronto. Domingo tudo se resolve e eu cá vou estar à espera da festa ou de uma semana de isolamento do Mundo. Até lá...

20/05/05

Quando a vida começa a fugir...

Olhei para ti, meu velho... A curvatura, o pequeno olhar para o mundo, essas quatro paredes às quais te cinges, nada disso te tira a dignidade que transpareces. Não podes mais abraçar a terra que te viu nascer e que trabalhaste e cuidaste como um pai; não há mais um cacho de uvas que, mesmo de joelhos, possas cortar... A tua vida é agora essa cadeira frente à lareira que vai aquecendo a monotonia dos teus dias.
Agarrei a tua mão. Não me conheceste e sei que isso te fez sentir inútil e confuso, mas mais tarde disseram-te quem eu era e aí sim apertaste a minha mão numa atitude de amizade. Vês-me uma ou duas vezes por ano, mas transmites sempre aquele apreço e agradecimento pela minha existência, embora não haja sangue que nos una, embora eu nunca tenha feito nada de especial por ti ou tu por mim. Mas nos teus olhos enrugados que transpiram o cansaço do fim da vida, transmites-me uma brisa suave de paz. Aquela que precisava agora.
O mundo é demasiado cruel e quando menos estamos à espera, aqueles de quem gostamos esfaqueiam-nos sem qualquer piedade.
Ao olhar para ti, tive a certeza de como ainda podemos esperar um pouco de paz, de amizade, de lealdade, de agradecimento e de dádiva. Apesar da senilidade e da fragilidade, salta à vista a doçura de um coração envelhecido que não deixa de amar. "Porquê?", perguntas... Porque é que tantas vezes tocaste o sino daquela igreja, tantas vezes assististe àquela missa... Porque te fez Deus isto? Porque não podes mais cavar a terra que amas? Não tenho a tua resposta, mas digo do fundo do coração que apesar da tua condição, tens em ti a força interior que não te ajuda a andar mas que te faz continuar a mostrar o bom homem que és.

Reconquistar v2

Ganhar de novo as graças de alguém nunca é fácil. Primeiro, há que limpar o nosso sótão, antes de tentar encarar o touro de frente. Paz de espírito, certeza do que se quer e de que tudo o que passou, está passado. Se pensar em ti e não sentir uma ponta de rancor, uma ponta de mágoa, uma ponta de amargura, estarei no bom caminho. É um facto que não sinto. Fico ainda triste, contudo, quando olho para trás e vejo a maneira como te disse adeus... apesar de saber que poderia estar a viajar mais rápido do que podia parar, não hesitei. Também não me seguraste, é um facto, mas lá terias as tuas razões.

Tudo isso não importa.

Importa que não fui justo, não fui sincero quando devia... rebusquei motivos que existiam mas que não eram os únicos e fiz com que eles bastassem. Como se abdicar fosse uma questão de baixar os braços e apanhar o próximo combóio para parte incerta... ainda assim sorriste. E fizeste-me sorrir contigo. Acredito que tenha havido dor, mas também acredito que soubeste lidar com ela, bem melhor do que eu. Apesar do tumulto que algumas vezes passa por trás dos teus olhos, raramente deixaste de transmitir paz à minha alma. E agora, mesmo mais distante, ainda sinto aquele pequeno calor cá dentro sempre que sorrio por tua causa.

Reconquistar afinal deixa de ser necessário. Nunca nos perdemos realmente, pois não?

19/05/05

Para onde vamos?

All around me are familiar faces
Worn out places
Worn out faces
Bright and early for the daily races
Going no where
Going no where
Their tears are filling up their glasses
No expression
No expression
Hide my head I wanna drown my sorrow
No tomorrow
No tomorrow
And I find I kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Children waiting for the day they feel good
Happy birthday
Happy birthday
And I feel the way that every child should
Sit and listen
Sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me
No one new me
Hello teacher tell me what’s my lesson
Look right through me
Look right through me
And I find I kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Enlarging your world
Mad world

Gary Jules - Mad World

Alteração Código de Estrada

17/05/05

Mesmo quando caíres...

To the crowd
To the world
You were so dry
And with the token bird I made
Send it to fly right to your side
With the broken wing you sailed
Oh like winter in July
A barren river wide
I'll pray for the flood
To wash on you
It's here I'll be with you

Well if the birds can reach the sky
To this land I'll be with you
'Til the sun bursts from your side
With my hands I reach to you
When you think your chance is passing by
When you blow your moon away
I'll bleed like the reed
Fall with your knife
It's here I'll be with you

I'll fall

Peter Murphy - I'll Fall With Your Knife

Sobre o chão

Deixei-te cair por entre as marcas da calçada
Por entre as pedras duras onde jazes inerte
Até que alguém tropece na tua carne pisada
E te tome nos braços, acreditando querer-te

Ficaste para trás e para lá não mais olhei
Pensei ouvir-te gemer, chamar meu nome
Como um último suspiro, assim o pensei
Que ainda algo dentro de ti sentisse a fome

Mas quando olho para ti no chão, eu vejo
Apenas sopra a brisa fria sobre o que é teu
Onde o cinzento do dia matou o desejo
E a luz da noite me dá o que a aurora não deu

16/05/05

Vento

" Todas as maravilhas de que precisas estão dentro de ti. "

Light My Fire

15/05/05

SLB

Sim!
Ganhei!












"Com que então ..."

14/05/05

4 - "Com que então ..."

Na altura que este texto for “partilhado” provavelmente já não terei unhas para roer e os nervos já me devem ter obrigado a respirar fundo , vezes sem conta , imaginando cenários de vitória e alegria que qualquer tentativa de explicação soariam a um qualquer texto escrito à pressa num guardanapo de café .
Qualquer outro cenário que não o da conquista do titulo tão desejado seria para mim uma enorme desilusão.
Numa série de anos de desapontamentos , talvez por isso o aumento da paixão pelo Benfica (sei lá !?) , nunca estive tão perto de assistir a uma comemoração a esta escala , só comparável ao saudoso e fantástico Euro2004 .
Queria o Benfica campeão , queria mesmo .

Não tanto por mim … mas pelo Benfica em si , pelo bem que lhe fazia , pelo contente que ele ficava .
Sei que este Sábado vou sofrer a bem sofrer e também sei que vou ter , pelo menos Um adepto do fcp a torcer pelo meu Benfica e se tudo correr bem vou fazer a tal cara de traquina e dizer-lhe “ Com que então és do fcp?”

Vou então para a Luz.





P.S. – Esta sequência de textos é só um desabafo sobre algo que vivo com intensidade . Não quis em qualquer momento provocar ou criar qualquer contenda com adeptos de outras equipas.

A Great Place to Live

13/05/05

3 - "Com que então ..."

Estas últimas semanas tem sido duras .
A tal “hora do noticiário” não tem sido habitual em casa .

Não tenho lido jornais como habitualmente e até não tenho frequentado os locais de costume onde discuto e vejo os jogos do Benfica . Evito tudo que seja falar do Benfica e no entanto não me saí da cabeça o Benfica .
Na semana passada tinha a mente ocupada com como e onde ia ver o jogo .
Em casa de quem ?

Em que café?
E com Quem?

...



No inicio da semana fui informado que me arranjaram um bilhete para o estádio da Luz para assistir ao Benfica – sporting .
Vou então para a Luz.



(Continua ...)

Morning has Broken

12/05/05

2 - "Com que então ..."

De volta ao Futebol.
Meu Pai , "fcportista" ferranho , conseguia fazer cara de mais traquina que Eu , o que na altura era obra , e olhava-me com um ar de “ Com que então és do Benfica?”
Pois Sou.
Aliás , em termos de opção clubista , movimentava-me em terreno inimigo , lá em casa Eu era o único lampião o que , há que reconhecer , só por isso é motivo de reparo.
Meu Pai , genuinamente politicamente correcto ainda era “do bom tempo” , Ele e Eu .
Isto porque ambos torcíamos por cada um dos clubes que éramos afectos , mas em competições internacionais comportávamo-nos com dois amigos de infância em que para onde um vai o outro segue-o , não havia portanto Benficas nem Portos .
Pois bem , já passaram um anos e hoje em casa , outra casa , a minha , continua a haver "a hora do noticiário ".
Mas há outra paixão que estranhamente não se atenuou … pelo contrário , acentuou-se .
É a minha paixão pelo Benfica.
Gosto do Benfica
.
Gosto mesmo do Benfica .
Não consigo qualificar ou quantificar a dimensão da paixão que sinto pelo Benfica .
O Benfica não está inserido em nenhum grupo.
Por exemplo : gosta-se de pessoas , gosta-se de comida , gosta-se de desporto , gosta-se de futebol … mas gosta-se também do Benfica, não porque se gosta de desporto ou de futebol mas porque é o Benfica .
Podia até não gostar de desporto , não gostar de futebol … e só gostar do Benfica.



(Continua ... )

Rose

1 - "Com que então ..."

Não sou de grandes lamúrias .
Não perco muito tempo a medir a minha dor ou a confessar que parte do corpo me "queima" , mas como diz o povo, “quem não sente , não é filho de boa gente” .

Tenho por hábito consumir algo de jornais , revistas , informação televisiva ou rádio … porque gosto . Só por isso , porque gosto .
Lembro-me do momento dos noticiários na TV , era um momento sagrado em casa . Era dos poucos instantes que o meu Pai pedia silencio numa casa “ apinhada “ de miúdos .

Lá respeitávamos , claro.
Havia poucos momentos que sentia a intervenção directa do meu Pai.

Bastava ele estar para me sentir com as “costas quentes” , como que um exército estivesse ao meu lado para me defender .
A hora do noticiário era um dos momentos em que se fazia silencio , recordo-o com saudade .
Mas não era o único momento especial lá em casa. Havia muitos outros , provavelmente cada minuto era especial e Eu era apenas um “puto” e cada segundo era como se fosse o último.
Lembro-me de um outro momento : as meias finais de um campeonato da Europa de Futebol em que Portugal perdeu por 3-2 com a anfitriã França e não me estou a referir a um recente Europeu que fomos eliminados com um penalty que ainda o "sinto na garganta" .

Refiro-me a um longínquo campeonato da Europa , que por ser dos poucos putos amantes do desporto Rei lá em casa na altura , saltei , gritei e vibrei por ver o breve momento de insanidade do meu Pai , que apaixonadamente e como sempre , genuinamente , apoiava com fervor a selecção nacional , que infelizmente acabou por perder o que mostra que as vitórias morais não são coisa recente , mas isso é outra conversa.


(Continua ... )

Night

Sou...

Sou quem atormenta a tua vida, quando fechas os olhos.
Sou quem tu vês em todo o lado, mesmo sem estar lá.
Sou o que tens medo de enfrentar, quando apagas a luz.
Sou o anjo caído que sussurra aos teus ouvidos docemente.
Sou a paz que tiveste e perdeste em tempos de guerra.
Sou quem percorre com os dedos a miragem do teu desejo.
Sou quem te faz estremecer a cada suspiro na tua pele.
Sou quem tu queres, mas sabes que não mais podes ter.
Sou eu a dor que trazes de me esquecer a todo o custo.

Estou bem assim como sou?

11/05/05

Sabores

Hoje "sabe" a Primavera :)

Sugestão para ouvir : Aqua Bassino - Deeper

Roads

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say


How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

Storm.. in the morning light
I feelNo more can
I sayFrozen to myself

I got nobody on my side
And surely that ain't right
And surely that ain't right

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong

How can it feel, this wrong
This moment
How can it feel, this wrong

Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say

How can it feel, this wrong
From this moment
How can it feel, this wrong


(Portishead,Roads.)

10/05/05

A vida segue lá fora

Quando tu apareceste eu estava esquecida
Nos perdidos e achados da vida
Mas sentia-me bem com a cabeça arrumada
Não sentia falta de nada
Avisei-te à partida que haver algo entre nós
Era melhor ter cuidado
Queria viver o presente
Queria esquecer o passado

Quando tu apareceste eu estava a sair
Dos perdidos e achados da dor
E sentia-me bem com o corpo a descansar
Dos altos e baixos do amor
Avisei-te à partida que um caso entre nós
Era sempre perigoso
O meu passado recente tinha sido doloroso

Portanto não me acuses da dor
Que dizes sentir agora
Deixa-me só no meu canto
A vida segue lá fora

Lúcia Moniz - "A Vida Segue Lá Fora"

09/05/05

Ponto final, parágrafo

Estou a escrever há precisamente uma hora. Passou-se tanto nestes últimos dias que simplesmente fica difícil resumir todos os ventos que sopraram à brisa da palavra escrita. O sono aperta, o cansaço de mais de uma semana de folia e mau dormir dá os seus sinais. Quem passou por mim neste tempo já sabe o seu Destino, ainda que por vezes algo injusto... mas talvez seja o único possível. Uma vez confidenciei que, se for a única solução para que ninguém além de mim saia magoado de uma confusão que a vida resolveu criar seja eu ficar sozinho, então eu faço-o. Altruísmo, sacrifício, o que quer que seja. Abdicar também faz parte da vida. Felizmente não foi preciso, ainda, chegar a tanto, tudo está mais simples agora que, passo a passo, vou redescobrindo o meu lugar. Por entre o mau tempo que me enchia de adrenalina, ou dançando ao som de uma música cega... dedicado à ternura de um sorriso ou redescobrindo aquilo que julguei perder, tudo está mais claro. Por ora, segurar-me-ei ao que tenho de melhor, às ondas de um rio banhado por luzes e pela noite, a um abraço que sei não ser a prazo. Águas calmas, onde haveis andado?

Coimbra

Ah, a cidade dos Amores... ainda não foi desta que me apaixonei por ti. Quem sabe os amores que cantas não são os mesmos que me fazem fechar os olhos e sorrir. Estavas absurdamente calada ontem, cidade... passeava pelas tuas ruas por entre as gentes que gritavam mas tu nada me dizias. Olhava para cada prédio, cada pedra de cada calçada, e continuavas muda, absorta olhando para as estrelas. É um perigo manter os olhos nas estrelas, cidade... sabes bem que quem apenas para cima olha, mais tarde ou mais cedo vai tropeçar. Eu tropecei em ti e quase caí. Quase. Tropeçaste em ti mesma e esqueceste o que me havias prometido dizer. Mergulhei em ti e vi o vazio que afinal as tuas ruas escondem por entre a mística das cantigas, a banalidade que a pedra crua de que és feita transpira por todos os poros. Lembras-me demasiado daquilo que não quero... e mesmo olhando o rio em silêncio enquanto o Sol nasce por detrás de um límpido horizonte não posso deixar de pensar em tudo o que a tua quietude me causou. Fico feliz de não te ter escolhido para me adoptares, cidade dos Amores... talvez um dia volte, mas nesse dia já não te darei ouvidos.

P.S., completamente off-topic: Desculpa lá Kelloguita, mas nem o teu carro de tecto panorâmico me faz gostar dessa cidade! ;)

Levo-te comigo

Tremi ao ouvir a tua voz por entre a noite ruidosa. Saber que estavas ali, tão perto, por entre a multidão, fez o meu coração disparar. Não hesitámos em fazer curta a distância e ainda mais curto o espaço que nos separava. Talvez no último beijo que trocaremos em muito tempo, soube a uma despedida forçada. Por vezes as linhas do Destino pregam-nos destas partidas: tudo está certo, menos o tempo, tudo está alinhado menos a vida em si. Não nego nem negarei que eras uma das minhas indecisões mas que me terás quando quiseres, perto de ti, pois sei que o vendaval não se acalma apenas com o teu sorriso de anjo. Não, nada disso. Mas tem que ser assim. Não procuro o entretém, e tu não procuras uma âncora que te prenda à terra. Gostas de voar por céus tempestuosos, nadar contra as ondas... eu, sou peixe de águas calmas, amo a beleza de um céu azul e cristalino. Ainda assim, encontrámos nestes polos opostos imenso em comum, algo que toda a circunstância não ajudou a florescer, mas que aqueceu a alma. Levo-te comigo, minha cara, para que nunca esqueças que quem gosta mesmo, nunca olvidará, relembra sempre com um sorriso. Leva-me contigo se quiseres também, pois quando até as ondas forem demasiado fortes para ti, ter-me-ás algures por perto para te içar de novo. Acalmo agora o meu ser, regressando à tranquilidade onde me sinto bem, guardando o teu fascínio bem cá dentro... até qualquer dia.

Para Sempre V2

Creio que já vos falei da falsidade da expressão "para sempre" e das promessas para a vida. Hoje fiz uma limpeza à caixa de entrada de mensagens do meu antigo telemóvel, e decidi partilhar mais um exemplo. Faço-o porque isto já não tem qualquer importância para mim. Reler isto apenas me fez sorrir e pensar que quando penso que preciso de alguém para respirar, estou atrelada ao amor que se diz ser cego. Porque nada é eterno e depois de acabar vejo que até eu, sensibilidade em pessoa, sou capaz de respirar sem "suporte". Até que um novo suporte está a chegar e quem sabe um dia partirá... já disse, nada é eterno.

"O Amor não é só o sentimento. Para te Amar, não tenho que o dizer, tenho que o mostrar. Haverá melhor forma de o fazer do que estar contigo, ao teu lado, para ultrapassar todas as adversidades da Vida? Haverá melhor forma de te mostrar que és a minha vida se não Amando-te? Tu és forte, mas mesmo os mais fortes precisam de suporte... Eu sou, e SEMPRE serei o suporte com que podes contar para o bem e para o mal. É um privilégio poder conhecer-te e uma dádiva poder Amar-te. Rita, eu NUNCA vou deixar-te só!"

Reflexão

Quem me dera poder dizer "Quero-te" com aquela naturalidade com que já fui capaz de dizer noutras situações. Porque não pode a nossa história ser um pouco mais simples? Entraste na vida de alguém que, por mais que tente esconder, precisa daquela segurança que a nossa situação não pode dar... Escondo, confesso. Sorrio, digo que está tudo bem para mim, que não preciso de nada mais. Continuarei a fazê-lo porque sei que nada há mais a exigir, e porque apesar de tudo é assim que tenho sido feliz. Porque qualquer beijo e qualquer abraço teu vale todo o tempo que passo longe de ti. Não decifro bem o que vai na tua cabeça e no teu coração, mas pelo que consigo perceber sentes mais ou menos o mesmo. Afinal, importa a nossa felicidade e essa sei que a temos na mão. Apenas podemos esperar pelo futuro, e garantir que um dia diremos que tudo valeu a pena, aconteça o que acontecer. Sem arrependimentos, porque o que estamos a viver é bom demais e espero lembrá-lo sempre assim.

07/05/05

Na corrente

Do outro lado o frenesim das luzes, dos carros, das pessoas que se movem incessantemente na noite portuense, levados pela chegada ao fim de mais uma semana de trabalho, de confusão, de irritações. Deste lado, o silêncio, a escuridão, o conforto do nosso canto e o encanto do teu conforto. Sorris para mim e por um momento desvio o olhar do reflexo da cidade no rio a altas horas da noite. Esse momento é tudo quanto basta para esquecer o burburinho e a magia das luzes que dançam e que se reflectem nas águas calmas da noite, agora outra magia guia os meus pensamentos, que apesar de fustigados pelo vendaval que é esta nossa impermanência, encontram sempre nos teus a tranquilidade do rio que diante de nós se junta ao mar. E nesse momento, é tudo o que importa.

05/05/05

Escrevo-Te para não existires

"Escrevo-te para não existires. Não quero que entres neste texto. Não tens uma vida que eu possa compreender.
Alguns momentos no teu pensamento nunca será uma vida.Não me façam odiar a minha escrita de forma a humanizar o tempo.
Não entres nesse lugar interior onde sabes que estão guardados todos os sentimentos que eu utilizo para te destruir. Quero que vivas fora do meu ódio. Quero que ames longe do meu amor. Estou farto de salões de palavras em silêncios luminosos. Não escrevo a tua história porque sei que és um final infeliz. A tua força é excessiva para as minhas qualidades humanas. Nem as minhas palavras servirão de pronto-a-vestir para as tuas carências. Tenho ainda o teu corpo tatuado nos meus braços.
Se o amor não fosse tão infantil, se tu própria não fosses a criança que transportas na forma de amar, então tudo o que eu te escrevo seria perverso e desumano. Prefiro que seja o teu silêncio a derrubar todas as palavras que nunca escreverei.
Aviso-te: as palavras só ameaçam quem as profere. Não posso escrever-te dentro desta escrita. Dizias na força de existires que te sentias uma mulher carente. E eu acompanhava esse choro na impossibilidade de te compreender.
As palavras nunca serão a verdade daquilo que sentimos. A verdade é uma linguagem do silêncio.
Nunca tive medo do silêncio, porque o silêncio é o meu acto de viver.
Tu não. Tu vives sem silêncio. Vives com palavras a mais.
Porque tu és um labirinto que arruína o meu pensamento. Não te quero viva neste texto nem em memória nas minhas palavras. Não quero a tua presença neste tempo construído de palavras desumanas. Quero ser eu a perder nesta escrita de enganos. Só os juízos de valor e comportamento dos outros são injustos. E o silêncio nunca foi um bom advogado. E tu, insecto feminino que esvoaça à volta dessa luz inexistente do silêncio, também pecaste pela injustiça de seres quem não aparentas ser.
E em vez de sugares o doce da vida, enches-te de razões amargas.
Às vezes não me apetece magoar ninguém, mas se magoo é porque está escrito."

http://mf.weblog.com.pt/

A queda de um Anjo

A pessoa amada é, no fundo, um espelho da nossa idealização interior. Reflectimos nela as esperanças, os sonhos, os desejos, e se essas nos são retribuídas, deixamo-nos ir, agarrados à ideia de que aquilo que queremos para nós, é aquilo que essa pessoa nos irá dar, sempre. No fundo, parece que por vezes não gostamos de uma pessoa verdadeiramente pelo que ela é, mas pelo que ela nos dá de si mesma e, sobretudo, por aquilo que de nós se eleva na sua companhia. Construímos em pouco ou muito tempo um quadro a tintas de todas as cores por cima da real face de quem gostamos e passamos a idealizar esse retrato opaco e imutável, esperando que as cores nunca se esbatam, que a tela nunca quebre. Mas todos sabemos que a vida muda as pessoas, tal como leva a vida de uma pintura. Quando nos apercebemos de que aquilo que realmente gostamos em alguém não é o que essa pessoa tem realmente no seu âmago, mas apenas aquilo que depositámos nela para simplesmente nos sentirmos melhor na sua companhia, derrubamos a imagem do anjo que havíamos construído, deixando-nos com a carne crua e suja do ser humano. E isso, quase sempre, não é o suficiente. Talvez seja por este facto de auto-percepção que tentamos erroneamente fugir do sofrimento, dando-nos ao facilitismo da fuga em imagens de segurança que outros nos transmitem, ou que estranhamente conseguimos cortar com vontades que de repente já não nos parecem tão vitais. Talvez, no fundo, o ser humano seja intimamente egoísta...

03/05/05

Vida

"A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos. "

Adversidade

"Na adversidade conhecemos os recursos de que dispomos. "

Tempo

"De quem nos ama, esperamos sobretudo um pouco de tempo. "

02/05/05

Eternamente Sua

Serei eternamente sua, pois
só tu conheces meu cheiro
meu gosto e meu corpo
Tu podes me magoar
me fazer calar e
ainda assim serei eternamente sua.

Deixarei que beijes outras bocas,
que toques outros corpos,
que sintas o prazer de outros gemidos
e que conheças o íntimo de outros seres.

Deixarei.
Para ter a certeza de que
voltarás e que entenderás que
quando beijaste outra boca
– era a minha que tu querias,
que quando tocaste outro corpo
– era o meu que querias tocar,
que quando sentiste o prazer de outro gemido
– era o meu que querias sentir e, que,
finalmente, quando conheceste
o interior de outro ser
– era o meu interior que tu buscavas
em tuas infinitas procuras.

Deixarei-te livre, para teres a certeza
de que és meu e, assim voltar
com a certeza de que ficarás.
E então, depois de tantas buscas infindas suas,
revelar-te-ei que estava à sua espera,
assim como sempre estive.

E seremos eternamente nós.

Extraído de "Poesia Erótica"; obrigado Sandrinha por este texto inspirador!

01/05/05

Liberdade

Anseio mais uns dias pelo reencontro. Não sei bem o que sinto, mas deixo o meu coração agora livre fazer as suas escolhas. Sei apenas que te queria aqui e agora, mas recuso-me a aceitar esse rótulo de "apaixonada" que me querem pôr. Depois de muitas paixões, sei que este meu estado de espírito não indica uma dependência de ti. Prezo agora mais do que nunca a liberdade de acção e a liberdade de sentir. És tu quem preenche aquele espaço especial, o cantinho mágico bem dentro de mim. Ainda assim, não és no presente o que alguns foram no passado, apesar de que poderás vir a ser bem mais. Porque pareces ser diferente. Não és egoísta em relação ao mundo, não te fechas na tua própria existência. Não te mascaras, não te escondes, não mudas conforme a conveniência. Não pretendes ser aquilo que não és nem podes ser: essencialmente és Tu mesmo.
Tu ligas e eu vibro. Vibro e vou ter contigo, vales todo o sorriso que faço pela tua companhia. A melhor que se pode ter!